Como levar adolescentes a fazer férias com os pais?

Não sei se é assim com todas as famílias, mas as minhas filhas adolescentes aproveitam todos os pretextos para me recordarem de que já não são as minhas bebés. A mais velha este ano tem desculpa porque tem quase 18 anos e faz o exame nacional de matemática de acesso à faculdade no próximo dia 13 de julho, mas a pequenina, que só tem 15 anos, não querer fazer férias com os pais? Mas onde é que eu errei?!? Não podia me conformar.

Por isso conclui que para a ter ao meu lado era preciso adaptar as férias aos gostos dela. Não é preciso ser um perito em educação para chegar até aqui, certo? Então foi isto que fiz no início de julho e resultou. Primeiro passo: quais são as três coisas básicas de que ela gosta de fazer? — Desporto, jogar xadrez, comer bem. Para começar, optámos pelo exercício físico porque faz bem a toda a gente. E lá fomos os três subir montes para as terras de Euskadi.

Em quatro dias apenas fizemos um programa muito variado, válido para os gostos de todos os intervenientes. Saímos de Lisboa numa bela quarta-feira para Braga onde passámos uma noite. Às 5.40 da manhã embarcámos num autocarro rumo ao País Basco com uma primeira paragem no Salto del Nervión, uma cascata a 60 Km de Bilbao que em julho está completamente seca e por isso dá para ir mesmo até ao pé do precipício onde no inverno cai a água num vasto vale entre as províncias de Burgos e Alava. No início do percurso estava um sol maravilhoso, depois começou a levantar-se uma leve neblina que acabou por se tornar num denso nevoeiro quando chegámos ao miradouro. Portanto, não houve lugar para muitas “vistas” mas valeu bem a pena.


Se é correto dizer que a minha pequenina estava contente com a primeira paragem, tenho de dizer que o segundo dia das miniférias a deixou deslumbrada quando subimos ao Monte Txindoki, com 1346 m de altura na Serra d’Arralar. Ela seguiu sempre no grupo da frente cheia de força. Eu fui ficando para trás porque o percurso, para quem tem uma doença autoimune e não tem preparação física é um bocado puxado, especialmente nos caminhos feitos de rochas onde não sabemos bem onde havemos de pôr os pés… Mas uma coisa é certa: quando chegamos ao topo e vemos aquela paisagem maravilhosa, esquecem-se imediatamente as dores na barriga das pernas. Para completar o cenário idílico, encontrámos lá em cima uma manada de cavalos a pastar que se interessaram por nós e nos fizeram companhia durante todo o almoço. Foi muito bom. Por incrível que pareça a descida custou mais do que a subida. Com as pernas doridas, o calor e o piso ingreme tinha as pernas a tremer. Mas tudo se faz quando se quer e à noite dormi com a satisfação de ouvir o meu pintainho a planear uma outra aventura no próximo verão.



O terceiro dia foi o mais difícil por me custar tanto a andar. O Txindoki deu cabo de mim. Fizemos o percurso de Deba a Zumaia pela costa, passando pela praia de Sakoneta na rota dos Flysch (formações rochosas pelo oceano adentro). Almoçámos na praia de Intxusburu que é horrível, tipo Monte Gordo em agosto mas sem o areal extenso. De seguida fizemos um flash trekking em Guernica, só para ver o mural e passeámos nas redondezas da ilha de San Juan de Gaztelugatxe, conhecida pelas filmagens da série Guerra dos Tronos que lá se fizeram.




Pernoitámos sempre em Bilbao no hotel Occidental. Mas o tour por Bilbao conto noutro dia.

Este ano não saio mais de Portugal. Em agosto vou remodelar a cozinha e no Natal tenho a família do Brasil a visitar-nos. Can’t wait.

That's all folks!

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