Mayflower, Vilamoura

Acho que já não ia a Vilamoura há uns 10 anos, desde que a minha avó faleceu. E depois ouvia tanta gente a dizer que estavam a transformar o sítio numa nova Albufeira através da construção desmedida e não planeada onde só o lucro conta. Via em revistas as socialites portuguesas a pousar nos locais mais “in” e achava aquilo tudo tão artificial e feio. Nada a ver com o paraíso idílico das memórias da minha infância quando o mar na maré vazia formava piscinas de água quentinha onde se apanhavam búzios e conchinhas e se podia ouvir o silêncio. E o pinhal de Quarteira, um oásis de frescura nas tardes quentes de verão, repleto de pinhas com pinhões e lagartixas. Fui feliz lá. E foi por ter sido feliz que não queria voltar.

Eu e o meu marido, de vez em quando, fazemos uns “date nights” que podem também ser “date weekends” e nesse caso deixamos as filhas sozinhas em casa, bem abastecidas de latas de grão e de atum, fruta e das famosas tartes da avó. E lá vamos nós namorar, porque não é por sermos casados há 21 anos, que já não apreciamos a companhia um do outro.

Portanto, recentemente e 10 anos depois com algum distanciamento, deu-nos na cabeça ir jantar à marina de Vilamoura. Confesso que ao sairmos das “quatro estradas”, depois de passar pela antiga Estalagem da Cegonha, fez-me alguma confusão ver tanto aldeamento novo onde dantes só havia o campo de golfe. Ao chegar à rotunda do Cupertino até havia algum trânsito (o que é isto?!? trânsito em maio?!?) e começou a dar-me um dos meus ataques de oclofobia*.  Mas depois estacionámos perto da praia e o centro está mais ou menos igual, por isso foi tranquilo. Demos uma volta à marina – estava um fim de tarde espetacular – para decidirmos onde pousar. Tinha a ideia de que havia mais oferta para jantar, mas se calhar os bares que em maio só oferecem bebidas, no verão também servem refeições completas. Bem, acabámos por optar pelo Restaurante Mayflower e acho que foi uma boa escolha.

A esplanada é bastante agradável, vale bem pela vista sobre a marina. Uma música ambiente no tom certo, um staff simpático, pouco intrometido, e uma carta bastante ao meu gosto. O meu marido escolheu a Salada Mayflower com melão, abacate e molho pesto maravilhoso. Não provei, mas ele disse que estava mesmo muito boa. Eu fui pela escolha segura: o Tornedó Terra e Mar com umas batatinhas fritas com casca. Sim, quero ir outra vez. Estava mesmo a precisar de uma experiência positiva, relaxante e romântica em Vilamoura. Até fiquei com vontade de planear um fim de semana lá em breve.    

*Estou sempre a dizer isto, mas é uma brincadeira, não sou oclofobe, simplesmente gosto de paz e tranquilidade. E tenho muito respeito pelas pessoas que sofrem de fobias, sejam elas quais forem, não é fácil aceitar que por vezes não conseguirmos ter controlo sobre nós próprios.