Clube de Leitura

Já lá vão cinco desde as férias de Natal. Não é muito, mas foi o que o meu tempo livre me permitiu. Sempre gostei de ler, lá está: distrai-me, diverte-me, permite-me viver outras vidas sem deixar de ser eu. Felizmente não me identifico com as pessoas que se aborrecem por estar em casa. Primeiro, há sempre coisas para fazer: arredar móveis para aspirar lá atrás, pintar paredes, fazer bolos (não, não sou grande espingarda na cozinha e é por isso que gosto de ir a restaurantes), destralhar a arrecadação, reorganizar o guarda-roupa, correr três vezes por semana. E a lista continua, embora nunca tenha tempo para fazer nem metade.

No Natal passado ofereceram às minhas filhas o volume I e II d’Os Pilares da terra, do Ken Follett. Já tinha ouvido dizer que era muito bom, de leitura fácil e viciante, ideal para ler debaixo de uma sombrinha numa praia quase deserta. É verdade.

A história gira à volta da construção de uma catedral na Idade Média e dos infortúnios de uma família, os quais se ligam às desgraças de outros personagens. Tudo corre mal e no fim o bem prevalece. Para quem gosta de literatura de cordel, como eu, é um must. Fica na wish list a sequela “Um mundo sem fim”.  

Seguiu-se o “Die Lebenden und die Toten” e “Im Wald” da Nele Neuhaus. Acho que não há tradução portuguesa, pelo menos eu li no original. A Nele Neuhaus é uma escritora alemã que se farta de escrever todo o tipo de livros e que tem uma coleção de romances policiais que eu adoro. Retratam os casos de dois inspetores criminais, o Oliver von Bodenstein e a Pia Kirchhoff, agora Sander, após o segundo casamento. São nove casos no total e cada caso faz um livro. Descobri esta autora quando vivi em Berlim e fui comprando todos os livros da saga à medida que iam saindo de dois em dois anos, mesmo depois de ter regressado a Portugal em 2011. Entretanto esqueci-me dela, e recentemente, ao fazer umas limpezas, redescobri a coleção. Fui procurar e fiquei a saber que tinham saído mais dois, mas que o último desta série é o nono. Encomendei os dois que me faltavam, claro.

O que eu gosto nesta coleção é o facto de, apesar de cada livro relatar a investigação de assassinato, a vida pessoal dos inspetores também é contada e por isso há uma continuação de livro para livro. Sei que isto não é nada de novo, há outras coleções assim, mas eu sou uma romântica e afeiçoo-me às personagens como se fossem amigos e quero sempre saber qual é o seu destino. Detesto narrativas abertas. Quando quiser imaginar histórias, imagino-as à minha maneira desde o princípio, não preciso de começar com as histórias dos outros.

Então, reli o “Die Lebenden und die Toten” (7º) porque já não me lembrava bem o que havia acontecido na vida da Pia e do Oliver, depois li o “Im Wald” e agora não quero ler já o “Muttertag” por saber que é o último e terei de me despedir da dupla maravilha.

Intervalei com “Agent Sonya” (Lover, Mother, Soldier, Spy) do Ben Macintyre que conta a história de uma agente secreta a trabalhar para os serviços secretos da União Soviética no período pré e pós II Guerra Mundial. Interessou-me que seja uma história verídica, que a agente seja mulher, e que a sua vida tenha sido cheia de perigo e casos amorosos. Antes de ler, perguntava-me: mas ela não tinha medo de ser descoberta e matarem-lhe os filhos? Sim, tinha. Será que foi enganada e sem querer deixou-se enredar na teia da espionagem? Não, começou a trabalhar como espiã por pura convicção no ideal comunista e no antifascismo.  

Morreu em 2000 aos 93 anos, depois de ter alcançado a patente de Coronel do Exército Vermelho e de ter recebido vários prémios em reconhecimento da sua coragem. Enquanto esteve no ativo nunca foi descoberta porque os serviços secretos ingleses não queriam acreditar que uma pessoa do sexo feminino, com uma aparente vida normal de dona de casa a cuidar do marido e dos filhos, fosse capaz de traficar informações ao mais alto nível.

Foi giro ficar a saber alguma coisa sobre a vida de uma mulher fora do comum. No entanto, há dois ou três capítulos pelo meio que eu cortaria porque não trazem nada de novo à história. Às vezes tenho a sensação de que os autores têm medo que os leitores achem que não investigaram o suficiente, ou não têm capacidade de escrever muito, e acabam por embarcar numa certa monotonia que poderia ser evitada. 


That's all folks. Até à próxima semana.

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